"Teoria da Massas do Fascismo" - Willhelm Reich - Apanhado dos principais conceitos apresentados

 Livro-54-WILHELM-REICH-A-PSICOLOGIA-DE-MASSAS-DO-FASCISMO


Neste sentido caracterial, o "fascismo" é a atitude emocional básica do homem oprimido da civilização autoritária da máquina, com sua maneira mística e mecanicista de encarar a vida.


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fascismo é um fenômeno internacional que permeia todos os corpos da sociedade humana de todas as nações. Esta conclusão coaduna-se com os acontecimentos internacionais dos últimos quinze anos.


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apoiado nas massas, revela todas as características e contradições da estrutura do caráter das massas humanas:


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um amálgama de sentimentos de revolta e ideias sociais reacionárias.


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O fascismo, na sua forma mais pura, é o somatório de todas as reações irracionais do caráter do homem médio.


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o fascismo é um produto do ódio racial e a sua expressão politicamente organizada


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A ideologia da raça é uma grande expressão biopática pura da estrutura do caráter do homem orgasticamente impotente.


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o fascismo é a expressão máxima do misticismo religioso.


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O fascismo apoia a religiosidade que provém da perversão sexual e transforma o caráter masoquista da velha religião patriarcal do sofrimento numa religião sádica.


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transpõe a religião, do "campo extraterreno" da filosofia do sofrimento, para o "domínio terreno" de assassínio sádico,


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A mentalidade fascista é a mentalidade do "Zé Ninguém", que é subjugado, sedento de autoridade e, ao mesmo tempo, revoltado.


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Sob a forma de fascismo, a civilização autoritária e mecanicista colhe no "Zé Ninguém" reprimido nada mais do que aquilo que ele semeou nas massas de seres humanos subjugados, por meio do misticismo, militarismo e automatismo durante séculos. O "Zé Ninguém" observou bem demais o comportamento do grande homem, e o reproduz de modo distorcido e grotesco. O fascista é o segundo sargento do exército gigantesco da nossa civilização industrial gravemente doente. Não é impunemente que o circo da alta política se apresenta perante o. "Zé Ninguém"; pois o pequeno sargento excedeu em tudo o general imperialista: na música marcial, no passo de ganso, no comandar e no obedecer, no medo das ideias, na diplomacia, na estratégia e na tática, nos uniformes e nas paradas, nos enfeites e nas condecorações. Um imperador Guilherme foi em tudo isto simples "amador", se comparado com um Hitler, filho de um pobre funcionário público. Quando um general "proletário" enche o peito de medalhas, trata-se do "Zé Ninguém" que não quer "ficar atrás" do "verdadeiro" general.


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O fanático fascista não pode ser neutralizado,


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se não for capturado dentro da própria pessoa, se não conhecermos as instituições sociais que o geram diariamente.


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O fascismo só pode ser vencido se for enfrentado de modo objetivo e prático, com um conhecimento bem fundamentado dos processos da vida. Ninguém o consegue imitar nas manobras políticas e diplomáticas e na ostentação, Mas o fascismo não tem


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resposta para os problemas práticos da vida porque vê tudo apenas como reflexo da ideologia ou sob a forma dos uniformes oficiais.


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o fascismo internacional


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sucumbirá perante a organização natural do trabalho, do amor e do conhecimento em escala internacional.


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Na nossa sociedade, o trabalho, o amor e o conhecimento não são ainda a força determinante da existência humana.


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A queda da nossa civilização é inevitável se os trabalhadores, os cientistas de todos os ramos vivos (e não mortos) do conhecimento e os que dão e recebem o amor natural, não se conscientizarem, a tempo, da sua gigantesca responsabilidade.


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o "fascismo


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é


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a expressão da estrutura irracional do homem da massa.


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a teoria da raça é misticismo biológico.


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o misticismo fascista é o anseio orgástico restringido pela distorção mística e pela inibição da sexualidade natural.


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O fascismo


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é


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uma certa concepção de vida e uma atitude perante o homem, o amor e o trabalho.


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A sociologia baseada na economia sexual nasceu das tentativas para harmonizar a psicologia profunda de Freud com a teoria econômica de Marx.


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A existência humana é determinada tanto pelos processos instintivos como pelos processos socioeconômicos


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A estrutura do caráter não se limita aos capitalistas; atinge igualmente os trabalhadores de todas as profissões. Há capitalistas liberais e trabalhadores reacionários. O caráter não conhece distinções de classe


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A estrutura humana, da qual trata a sociologia da economia sexual,


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reflete uma civilização patriarcal autoritária de muitos milênios.


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Na realidade, a economia sexual vai ao ponto de afirmar que os abomináveis excessos da era capitalista, nos últimos trezentos anos (imperialismo predatório, defraudação do trabalhador, opressão racial, etc.), apenas foram possíveis porque a estrutura humana das incríveis massas que suportaram tudo isso se tornou totalmente dependente da autoridade, incapaz de liberdade e extremamente acessível ao misticismo.


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A descoberta da democracia do trabalho natural biológica nas relações humanas internacionais deve ser considerada como a resposta ao fascismo.


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A "política" da democracia do trabalho caracteriza-se pela rejeição de toda e qualquer política ou demagogia.


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se origina a partir das seguintes funções: amor, trabalho e conhecimento. Ela se desenvolve organicamente


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é uma função natural, fundamental e biossociológica da sociedade, que acaba de ser descoberta.


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é o modo como o indivíduo lida com a sua energia biológica — que quantidade reserva e que quantidade descarrega orgasticamente


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orgonomia", ciência da Energia Vital


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ENERGIA ORGÔNICA. Energia Cósmica Primordial; está presente em tudo e pode ser observada visualmente, termicamente, eletroscopicamente e por meio de contadores Geiger-Mueller. No organismo vivo: Bioenergia, Energia Vital. 

Descoberta por Wilhelm Reich entre 1936 e 1940.


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O conceito orgonômico de caráter é funcional e biológico, e não um conceito estático, psicológico ou moralista.


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O que é decisivo não é que o


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movimento avance, mas sim o ritmo com que avança, em comparação com o fortalecimento e o progresso da reação política internacional.


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Marx ensinou que a teoria só se confirma através da prática, mas o marxismo de vocês provou ser um fracasso. Vocês sempre arranjam explicações para as derrotas da Internacional dos Trabalhadores.


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onde se encontra a confirmação prática da teoria da revolução social?


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misticismo do nacional-socialismo prevaleceu sobre a teoria econômica do socialismo, no período mais agudo de crise econômica e de miséria


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A nossa psicologia política não poderá ser outra coisa que um estudo do "fator subjetivo da história", da estrutura do caráter do homem numa determinada época e da estrutura ideológica da sociedade que ela forma.


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Quando existe uma especialização no estudo dos processos psíquicos típicos e comuns a uma categoria, classe, grupo profissional, etc., excluindo diferenças individuais, então temos a psicologia de massas.


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A ideologia de cada agrupamento social tem a função não só de refletir o processo econômico dessa sociedade, mas também — e principalmente — de inserir esse processo econômico nas estruturas psíquicas dos seres humanos dessa sociedade.


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A situação econômica não se traduz automaticamente em consciência política.


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A explicação socioeconômica não se sustenta, por outro lado, quando o pensamento e a ação do homem são incoerentes com a situação econômica


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A economia tacanha não compreendeu ainda que a questão fundamental não se refere à consciência da responsabilidade social do trabalhador (isso é evidente!), mas sim à descoberta do que inibe o desenvolvimento dessa consciência.


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a ideologia imperialista transforma concretamente as estruturas das massas trabalhadoras, para servir o imperialismo.


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cada ordem social cria nas massas que a compõem as estruturas de que ela necessita para atingir seus objetivos fundamentais5.


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Temos de conseguir explicar como foi possível o misticismo triunfar sobre a sociologia científica.


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Todo o misticismo é reacionário, e o homem reacionário é místico. Ridicularizar o misticismo, considerando-o como "embotamento" ou "psicose", não é medida adequada contra o mesmo. Mas, se compreendermos corretamente o misticismo, necessariamente descobriremos um antídoto para o fenômeno. No entanto, para cumprir esta tarefa, é necessário compreender, tanto quanto possível, as relações entre a situação social e a formação de estruturas, e, em essencial, as ideias irracionais, que não podem ser explicadas apenas em termos socioeconômicos.


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A economia sexual é um campo da investigação que se desenvolveu a partir da sociologia da vida sexual humana, há muitos anos, através da aplicação do funcionalismo a essa esfera,


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Marx considerou que a vida social é governada pelas condições da produção econômica e pela luta de classes que resulta dessas condições, numa determinada época da história. A dominação das classes oprimidas pelos detentores dos meios sociais de produção só raramente se dá pela força bruta; a sua arma principal é o domínio ideológico sobre os oprimidos, pois essa ideologia é o principal esteio do aparelho de Estado. Já dissemos que Marx considerou o homem vivo, produtivo, com suas aptidões físicas e psíquicas, como o primeiro agente da história e da política.


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não se estudaram os motivos por que há milênios os homens aceitam a exploração e a humilhação moral, por que numa palavra, se submetem à escravidão; só se averiguou o processo econômico da sociedade e o mecanismo da exploração econômica.


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A consciência é apenas uma pequena parte da nossa vida psíquica; é governada por processos psíquicos que se passam a nível inconsciente e por isso escapam ao controle da consciência. Toda experiência psíquica, mesmo que aparentemente sem sentido, como o sonho, o ato falho, as afirmações absurdas dos doentes mentais, etc., tem uma função e um "sentido" e pode ser inteiramente compreendida se sua etiologia


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puder ser traçada


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Deste modo, a psicologia, que vinha se deteriorando a olhos vistos, tornando-se uma espécie de física do cérebro ("mitologia do cérebro") ou um conjunto de ensinamentos de um misterioso Geist (espírito) objetivo, entrou definitivamente no reino das ciências naturais. 

A segunda grande descoberta de Freud foi que a criança já desenvolve uma sexualidade ativa, que nada tem a ver com a reprodução; em outras palavras, que sexualidade e reprodução, sexual e genital não são a mesma coisa. A análise dos processos psíquicos veio ainda revelar que a sexualidade, ou melhor, a sua energia — a libido —, que é do corpo, é o motor principal da vida psíquica. Deste modo, as condições biológicas e as condições sociais da vida cruzam-se na mente. 

A terceira grande descoberta foi que a sexualidade infantil, à qual pertencem os elementos principais da relação pai-filho ("o complexo de Édipo"), é normalmente reprimida pelo medo do castigo por atos e pensamentos de natureza sexual (basicamente "medo de castração"); a atividade sexual da criança é bloqueada e apagada da memória. Assim, embora a repressão da sexualidade infantil a afaste do domínio da consciência, ela não perde sua força. Ao contrário, a repressão intensifica a sexualidade e a torna capaz de se manifestar em diversas perturbações patológicas da mente. Como quase não há exceções a essa regra no "homem civilizado", Freud poderia dizer que tinha toda a humanidade como seus pacientes. 

A quarta descoberta importante foi que o código moral no ser humano, longe de ter origem divina, provém da educação dada pelos pais e pelos seus representantes, na mais tenra infância. Dentre as medidas educativas, destacam-se as que se opõem à sexualidade da criança. O conflito que originalmente se trava entre os desejos da criança e as proibições dos pais torna-se, mais tarde, um conflito entre o instinto e a moralidade dentro da pessoa. O código moral, em si mesmo inconsciente, atua, no adulto, contra a compreensão das leis da sexualidade e da vida psíquica inconsciente; reforça a repressão sexual ("resistência sexual") e é responsável pela resistência geral ao "desvendar" da sexualidade infantil.


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em que ponto do materialismo histórico a psicanálise tem uma função científica a cumprir, a qual não pode ser desempenhada pela economia social: a compreensão da estrutura e da dinâmica da ideologia, e não da sua base histórica


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Disto se conclui que a sociologia da economia sexual é uma ciência construída sobre a base sociológica de Marx e psicológica de Freud, sendo, na sua essência, uma ciência da psicologia de massas e da sociologia sexual


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. A sociologia da economia sexual vai mais longe, perguntando: por que motivos sociológicos a sexualidade é reprimida pela sociedade e recalcada pelo indivíduo?


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com o estabelecimento de um patriarcado autoritário e com o início das divisões de classe, é que surgiu a repressão da sexualidade.


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cujo objetivo não é outro senão a erradicação dos desejos sexuais do homem e, consequentemente, da pouca felicidade que ainda resta sobre a Terra. Há boas razões para tudo isso quando visto através da perspectiva da crescente e atual exploração do trabalho humano.


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a combinação da estrutura socioeconômica com a estrutura sexual da sociedade e a reprodução estrutural da sociedade verificam-se nos primeiros quatro ou cinco anos de vida, na família autoritária. A Igreja só continua essa função mais tarde. É por isso que o Estado autoritário tem o maior interesse na família autoritária; ela transformou-se numa fábrica onde as estruturas e ideologias do Estado são moldadas.


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A inibição moral da sexualidade natural na infância, cuja última etapa é o grave dano da sexualidade genital da criança, torna a criança medrosa, tímida, submissa, obediente, "boa" e "dócil", no sentido autoritário das palavras. Ela tem um efeito de paralisação sobre as forças de rebelião do homem, porque qualquer impulso vital é associado ao medo; e como sexo é um assunto proibido, há uma paralisação geral do pensamento e do espírito crítico. Em resumo, o objetivo da moralidade é a criação do indivíduo submisso que se adapta à ordem autoritária, apesar do sofrimento e da humilhação. 

Assim, a família é o Estado autoritário em miniatura, ao qual a criança deve aprender a se adaptar, como uma preparação para o ajustamento geral que será exigido dela mais tarde. A estrutura autoritária do homem é basicamente produzida — é necessário ter isto presente — através da fixação das inibições e medos sexuais na substância viva dos impulsos sexuais.


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A inibição moral, anti-sexual, impede a mulher conservadora de tomar consciência da sua situação social, e liga-a tão fortemente à Igreja, quanto mais esta a faz temer o "bolchevismo sexual"


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O resultado é o conservadorismo, o medo da liberdade; em resumo, a mentalidade reacionária.


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Não é só através desse processo que a repressão sexual fortalece a reação política e torna o indivíduo das massas passivo e apolítico; ela cria na estrutura do indivíduo uma força secundária, um interesse artificial que também apoia ativamente a ordem autoritária.


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Tanto a moralidade sexual, que inibe o desejo de liberdade, como aquelas forças que apoiam interesses autoritários, tiram a sua energia da sexualidade reprimida


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um ponto fundamental do processo do "efeito da ideologia sobre a base econômica": a inibição sexual altera de tal modo a estrutura do homem


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economicamente oprimido, que ele passa a agir, sentir e pensar contra os seus próprios interesses materiais.


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O problema prático da psicologia de massas é, portanto, a ativação da maioria passiva da população, que contribui sempre para a vitória da reação política, e a eliminação das inibições que impedem o desenvolvimento do desejo de liberdade, proveniente da situação econômica e social. A energia psíquica das massas que assistem, entusiasmadas, a um jogo de futebol, ou a um musical barato, em meio a gargalhadas, não poderia ser de novo reprimida se conseguisse libertar-se das suas cadeias e seguir os caminhos que conduzem aos objetivos racionais do movimento pela liberdade. Este é o ponto de vista que preside ao estudo econômico-sexual deste volume.


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um movimento elementar, não se pode vencê-lo com 'argumentos'. Os argumentos só surtiriam efeito se o movimento tivesse conseguido seu poder através da argumentação".


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os discursos


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distinguiam-se pela habilidade em manejar as emoções dos indivíduos nas massas e de evitar ao máximo uma argumentação objetiva.


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a tática certa, em psicologia de massas, consistia em prescindir da argumentação, apontando às massas apenas o "grandioso objetivo final".


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os decretos de Göring contra as organizações econômicas das classes médias


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a recusa da "segunda revolução"


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o não-cumprimento das prometidas medidas socialistas, etc.


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revelam já a função reacionária do fascismo


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O estudo do efeito produzido


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que um


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o representante de uma ideia só pode ter êxito


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quando a sua visão individual, a sua ideologia ou o seu programa encontram eco na estrutura média de uma ampla camada de indivíduos


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o que interessa é compreender por que motivo as massas se mostraram receptivas ao engodo, ao embotamento ou a uma situação psicótica.


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A questão fundamental é saber por que motivo as massas se deixam iludir politicamente.


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Foi a estrutura humana autoritária, que teme a liberdade, que possibilitou o êxito de sua propaganda.


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"...o estado de espírito do povo sempre foi uma simples descarga daquilo que se foi incutindo na opinião pública a partir de cima" (Mein Kampf, p. 128).


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o que se passa nas massas, que as leva a seguir um partido cuja liderança é, objetiva e subjetivamente, oposta aos interesses das massas trabalhadoras?


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na sua primeira arrancada vitoriosa, apoiou-se em largas camadas das chamadas classes médias, isto é, os milhões de funcionários públicos e privados, comerciantes de classe média e de agricultores de classe média e baixa


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A situação social e a correspondente estrutura psicológica da classe média baixa explicam tanto as semelhanças essenciais como as diferenças existentes entre as ideologias dos fascistas e da burguesia liberal.


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A classe média baixa fascista é igual à classe média baixa liberal-democrática; 

apenas se distinguem porque vivem em diferentes fases históricas do capitalismo


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depois da tomada do poder, revelou-se cada vez mais claramente como um nacionalismo imperialista, decidido a eliminar tudo o que fosse "socialistico" e a preparar a guerra com todos os meios,


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não é contraditório em relação a outro fato: o de o fascismo ser, do ponto de vista da sua base de massas, um movimento da classe média


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a classe média, não possuindo os principais meios de produção nem trabalhando neles, não pode ser uma força motriz permanente na história e, por isso, oscila invariavelmente entre o capital e os trabalhadores


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A classe média tem, em virtude da estrutura do seu caráter, uma força social extraordinária que em muito ultrapassa a sua importância econômica. É a classe que retém e conserva, com todas as suas contradições, nada mais nada menos do que vários milênios de regime patriarcal.


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A posição social da classe média é determinada: a) pela sua posição no processo de produção capitalista; b) pela sua posição no aparelho de Estado autoritário, e c) pela sua situação familiar especial, que é consequência direta da sua posição no processo de produção, constituindo a chave para a compreensão da sua ideologia.


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Já pela sua própria situação social, o indivíduo da classe média baixa não podia se solidarizar nem com a sua classe social, nem com os trabalhadores da indústria — com a sua classe social porque nela a competição é a regra; 

com os trabalhadores da indústria, porque o que mais temia era, exatamente, a proletarização.


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O funcionário público encontra-se, geralmente, numa posição econômica inferior à do trabalhador industrial especializado; esta posição inferior é parcialmente compensada pelas pequenas perspectivas de fazer carreira e, especialmente no caso do funcionário público, pela pensão vitalícia.


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esta camada desenvolve um comportamento competitivo entre colegas, que é contrário ao desenvolvimento da solidariedade. A consciência social do funcionário público não se caracteriza pelo fato de ele compartilhar o mesmo destino que os seus colegas de trabalho, mas pela sua atitude em relação ao governo e à "nação". Isso consiste numa total identificação com o poder estatal 3, e, no caso do funcionário de uma empresa, numa identificação com a empresa em que trabalha. Ele é tão submisso quanto o trabalhador industrial. Por que motivo não desenvolve o mesmo sentimento de solidariedade que o trabalhador industrial? Isso se deve à sua posição intermediária entre a autoridade e os trabalhadores manuais. 

Devendo obediência aos superiores, ele é simultaneamente o representante dessa autoridade diante dos que estão abaixo dele e, como tal, goza de uma posição moral (mas não material) privilegiada.


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A força desta identificação com o patrão está patente no caso de empregados de famílias aristocráticas, como mordomos, camareiros, etc., que se transformam completamente, num esforço para esconder sua origem inferior assumindo as atitudes e a maneira de pensar da classe dominante, aparecendo muitas vezes como caricatura das pessoas a quem servem.


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O empregado ou funcionário público começa por desejar assemelhar-se ao seu superior, até que, gradualmente, a constante dependência material acaba transformando toda a sua pessoa, de acordo com a classe dominante. Sempre disposto a se adaptar à autoridade, o indivíduo da classe média baixa acaba criando uma clivagem entre a sua situação econômica e a sua ideologia. A sua vida é modesta, mas tenta aparentar o contrário, chegando, frequentemente, a tornar-se ridículo. Alimenta-se mal e deficientemente, mas atribui grande importância a


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"andar bem vestido". O fraque e a cartola tornam-se símbolos materiais desta estrutura do caráter.


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É a sua atitude de "olhar voltado para cima" que diferencia especificamente a estrutura do indivíduo da classe média baixa da estrutura do trabalhador industrial.4


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no seu esforço para se diferenciar do trabalhador, ele só pode apoiar-se na sua forma de vida familiar e sexual. Suas privações econômicas têm de ser compensadas por meio do moralismo sexual. No caso do funcionário público, esta motivação é o elemento mais importante de sua identificação com o poder. Uma vez que ele se encontra numa situação inferior à da classe média alta, mas mesmo assim se identifica com ela, é necessário que as ideologias sexuais moralistas compensem a insuficiência da situação econômica. Os modos de vida sexual e de vida cultural dela dependentes estão fundamentalmente ao serviço de uma diferenciação em relação à classe inferior.


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A soma destas atitudes moralistas que acompanham a atitude em relação ao sexo,


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culmina nas ideias — dizemos ideias e não atos — de honra e de dever.


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São uma constante da ideologia fascista da ditadura e da teoria da raça


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Na prática, verifica-se


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um tipo de comportamento totalmente oposto. Na economia privada, um pouco de desonestidade faz parte da sua própria existência


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a sua excessiva cortesia e submissão


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são reveladores do jugo impiedoso da sua existência econômica, capaz de deformar o melhor dos caracteres.


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apesar de toda a hipocrisia, o êxtase derivado das noções de "honra" e "dever" é autêntico.


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A sua origem está na vida emocional inconsciente,


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O Estado autoritário tem o pai como seu representante em cada família, o que faz da família um precioso instrumento do poder.


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Ele reproduz nos filhos, especialmente nos de sexo masculino, a sua atitude de submissão para com a autoridade. É deste tipo de relações que resulta a atitude passiva e obediente do indivíduo da classe média baixa


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as inibições e fraquezas sexuais, que se constituem nos pré-requisitos fundamentais para a existência da família autoritária e são o princípio essencial da formação estrutural do indivíduo da classe média baixa, são mantidas por meio do temor religioso, traduzindo-se no sentimento de culpa sexual, fortemente arraigado nas emoções.


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A fraqueza sexual tem como consequência uma diminuição da autoconfiança, que em alguns casos é compensada pela brutalização da sexualidade, e, em outros, por uma rigidez do caráter. A compulsão para controlar a própria sexualidade, para manter o recalcamento sexual, provoca o desenvolvimento de concepções patológicas e altamente emocionais de honra e dever, coragem e autodomínio.


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o indivíduo genitalmente enfraquecido, afetado por contradições na sua estrutura sexual, tem de estar constantemente atento, para controlar a sua sexualidade, para preservar a sua dignidade sexual, para resistir às tentações, etc.


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No decorrer desta luta, começam a desenvolver-se todos os elementos da estrutura do homem reacionário


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Todas as formas de misticismo retiram as suas energias mais fortes e, parcialmente, até o seu conteúdo, dessa repressão compulsiva da sexualidade


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É conhecida a escala de valores: honra pessoal, honra da família, honra da raça, honra nacional.


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a base socioeconômica: capitalismo ou sociedade patriarcal; a instituição do matrimônio compulsivo; repressão sexual; luta pessoal contra a própria sexualidade; compensação por meio do sentimento de honra pessoal, etc. O auge desta escala é constituído pela ideologia da "honra nacional", que é o cerne irracional do nacionalismo.


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A família da classe média baixa (dos funcionários públicos e privados, inferiores, etc.) vive sob a permanente pressão de preocupações materiais, como a alimentação e outras. A tendência da família numerosa da classe média baixa para a expansão econômica também reproduz a ideologia imperialista: "A nação precisa de espaço e de alimentos." É necessariamente isto que torna o indivíduo da classe média baixa tão receptivo à ideologia imperialista. Ele consegue identificar-se inteiramente com o conceito personificado de nação. É assim que o imperialismo familiar é ideologicamente reproduzido no imperialismo nacional.


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o fascismo é, ideologicamente, a resistência de uma sociedade sexual e economicamente agonizante, às tendências dolorosas mas decididas do pensamento revolucionário, para a liberdade tanto sexual como econômica: 

libertação esta que, só de a imaginar, provoca um medo enorme no homem reacionário.


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O indivíduo reacionário da classe média baixa descobre-se no führer, no Estado autoritário. Devido a esta identificação, sente-se defensor da "herança nacional", da "nação", o que não impede que, ao mesmo tempo e também em consequência desta identificação, despreze as "massas", opondo-se a elas como indivíduo. A sua situação material e sexual miserável é escamoteada pela exaltação da ideia de pertencer a uma raça dominante e de ter um führer brilhante, de tal modo que deixa de perceber, com o passar do tempo, quão profundamente se deixou reduzir a uma posição insignificante de cega submissão.


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O trabalhador consciente de sua competência — isto é, aquele que conseguiu neutralizar sua estrutura de submissão, que se identifica com o seu trabalho e


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com as massas trabalhadoras de todo o mundo


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Sente-se líder,


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porque tem consciência de realizar um trabalho que é vital para a existência da sociedade.


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o objeto da identificação


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, é o camarada de trabalho,


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o próprio trabalho de cada um


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os trabalhadores de todo o mundo,


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Significa


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que a autoconfiança do trabalhador liberado tem origem na consciência da sua capacidade.


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não há uma simples relação mecânica entre a situação social e a estrutura do caráter


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O fascismo penetra nos grupos de trabalhadores por duas vias: o chamado "lumpem proletariat" (expressão contra a qual todos se insurgem), pela corrupção material direta, e a "aristocracia dos trabalhadores", também por meio da corrupção material como pela influência ideológica.


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Foi sem dúvida a estrutura psicológica do trabalhador médio que o impediu de ver tais contradições, apesar do intenso trabalho de esclarecimento levado a cabo pelas organizações revolucionárias.


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A primeira de todas as tarefas da propaganda revolucionária deveria ter sido a de levar em consideração e compreender as contradições dos trabalhadores,


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Conseguir destilar a mentalidade revolucionária das largas massas é, sem dúvida, a tarefa fundamental, no processo de conscientização da sua responsabilidade social.


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O diminuto apartamento da classe média baixa, que o "proleta" compra logo que tem os meios, mesmo que em outros pontos tenha mentalidade revolucionária; a consequente opressão da mulher, mesmo que ele seja comunista; a roupa "melhor" para os domingos; o estilo "correto" de dançar e outras mil "banalidades" acabam por exercer uma influência incomparavelmente mais reacionária quando repetidos dia após dia do que os efeitos positivos de milhares de discursos e panfletos revolucionários.


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Tendo o movimento operário organizado conseguido impor algumas conquistas políticas e sociais, como a limitação do horário de trabalho, direito de voto, sistema de previdência social, isto se refletiu, por um lado, no fortalecimento da classe, mas, por outro lado, iniciou-se um processo oposto: à elevação do nível de vida correspondeu uma assimilação estrutural à classe média.


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A desilusão com a socialdemocracia, aliada à contradição entre a miséria econômica e uma maneira de pensar conservadora, leva ao fascismo, se não houver organizações revolucionárias.


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Também não é com argumentos que podemos, lidar com um fascista que está narcisisticamente convicto da superioridade suprema do seu teutonismo, pelo simples motivo de que ele não trabalha com argumentos, mas sim com sentimentos irracionais. É inútil, portanto, tentar provar-lhe que os negros e os italianos não são racialmente "inferiores" aos germânicos. Sente-se "superior", isso é tudo para ele


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A única maneira de abalar a teoria racial é revelar as suas funções irracionais, que são, essencialmente, duas: dar expressão a certas correntes inconscientes e emocionais que predominam no homem predisposto ao nacionalismo, e de encobrir certas tendências psíquicas. L


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As concepções defendidas pela ditadura têm de ser inicialmente compreendidas, a partir da base econômica de que provêm. Assim a teoria racial fascista e a ideologia imperialista tem uma relação concreta com os objetivos imperialistas de uma classe dominante que pretende solucionar dificuldades de natureza econômica.


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a ideologia surge com uma base material dupla: a estrutura econômica da sociedade e a estrutura típica dos homens que a produzem, estrutura esta que é, por sua vez, condicionada pela estrutura econômica da sociedade. Torna-se claro, assim, que o processo irracional de formação de uma ideologia cria, por sua. vez, estruturas irracionais, nos homens.


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Hitler insistiu incansavelmente em que devemos nos dirigir às massas não com argumentos, provas e conhecimentos, mas por meio de sentimentos e crenças.


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Não prestamos um bom serviço à causa da liberdade se apenas escarnecemos do misticismo. Ele precisa ser desmascarado e reduzido ao conteúdo irracional em que ele se baseia. Esse misticismo em grande parte e naquilo que tem de mais importante é o


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processo biológico energético, concebido de modo irracional e místico, da expressão máxima da ideologia sexual reacionária. A concepção da "alma" e da sua "pureza" é o credo da assexualidade, da "pureza sexual". Basicamente, é um sintoma do recalcamento sexual e do medo da sexualidade, determinado pela sociedade de tipo autoritário e patriarcal.


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A organização sexual da sociedade patriarcal autoritária, derivada das transformações da fase tardia do matriarcado (independência econômica da família do chefe em relação à linhagem materna, crescentes trocas entre as tribos, desenvolvimento dos meios de produção, etc.), constitui a base primitiva da ideologia autoritária, pelo fato de privar da liberdade sexual a mulher, a criança e o adolescente, fazendo do sexo uma mercadoria e colocando os interesses sexuais ao serviço da sujeição econômica. Agora sim, a sexualidade fica distorcida, convertendo-se em algo diabólico, demoníaco, que é necessário dominar. À luz das exigências patriarcais, a casta sensualidade do matriarcado aparece como o desencadear voluptuoso das forças mais 84


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mais 84 obscuras. O dionisíaco torna-se um "desejo pecaminoso" que a cultura patriarcal só pode conceber como caótico e "sujo". Rodeado de estruturas da sexualidade humana e imbuídos dessas estruturas que se tornaram distorcidas e lascivas, o homem da sociedade patriarcal torna-se pela primeira vez prisioneiro de uma ideologia que identifica, indissociavelmente, o sexual e sujo, sexual e vulgar ou demoníaco


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De acordo com Zelenin, os antigos lexicógrafos indianos chamam de suástica tanto à ereção como à volúpia, isto é, uma cruz com hastes recurvadas como o símbolo do instinto sexual.


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A suástica representa, portanto, uma função essencial da vida.


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Assim, é de supor que este símbolo, representando duas figuras enlaçadas, provoque uma forte excitação em estratos profundos do organismo, excitação essa que será tanto mais forte quanto mais insatisfeita, quanto mais ardente de desejo sexual estiver a pessoa


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Uma vez que a sociedade autoritária se reproduz, com o auxílio da família autoritária, nas estruturas individuais das massas, a família tem de ser abordada e defendida pela reação política como a base do "Estado, da cultura e da civilização". Na sua propaganda pode apoiar-se em profundos fatores irracionais nas massas.


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se queremos compreender que tanto o partido de Hitler como os partidos de centro devem grande parte do seu êxito ao voto das mulheres, temos de compreender o irracionalismo.


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É a economia sexual que dá a resposta política ao caos produzido pela contradição entre a moral compulsiva e o libertinismo sexual.


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Ê na capacidade das massas para absorver essas ideias — aquilo a que chamamos a "base de psicologia de massas" do ditador — que constitui a força do fascismo.


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Com o aumento da pressão econômica sobre as massas trabalhadoras, a pressão da moral repressiva também se torna mais rígida. Isto só pode ter a função de evitar a revolta das massas trabalhadoras contra a pressão social, através do reforço dos seus sentimentos de culpa sexual e da sua dependência moral em relação à ordem vigente.


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Dado que o contágio místico é o pré-requisito psicológico mais importante para a absorção da ideologia fascista pelas massas, o estudo da ideologia fascista não pode prescindir da investigação dos efeitos psicológicos do misticismo em geral.


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se o fascismo se apoia com tanto êxito no pensamento místico e nos sentimentos místicos das massas, o combate ao fascismo só pode ter perspectivas de êxito se o misticismo for entendido e sustado o contágio das massas, através da higiene mental e da educação.


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o mais completo desmascaramento de um príncipe da Igreja deixa impassível alguém que tenha uma mentalidade mística, assim como lhe são indiferentes o conhecimento pormenorizado do auxílio financeiro concedido pelo Estado à Igreja, com os tostões dos trabalhadores, como na análise histórica da religião, feita por Marx e Engels.


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No presente trabalho pretendemos investigar os elementos básicos dos objetivos culturais da reação política e descobrir os fatores emocionais sobre os quais se deve apoiar o trabalho revolucionário. 

Também neste ponto, devemos ater-nos ao princípio de examinar com o maior cuidado tudo aquilo a que a reação cultural dá importância; pois, se ela dá importância não é por acaso ou como um meio de "distrair" a atenção. Trata-se da arena principal onde se trava a luta filosófica e política entre revolucionários ou reacionários.


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a função do misticismo: desviar a atenção da miséria cotidiana, "libertar-nos do mundo", impedindo portanto uma revolta contra as verdadeiras causas da nossa miséria;


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Como os homens são maus e pecadores, seria impossível eliminar a miséria, sendo pois necessário suportá-la, habituar-se a ela.


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Ao empregar o termo "bolchevismo", o místico não tem em mente o partido político fundado por Lenin. São-lhe inteiramente desconhecidas as controvérsias sociológicas ocorridas na passagem do século. As palavras "comunista", "bolchevique", "vermelho", etc. tornaram-se lemas reacionários que nada têm a ver com a política, o partido, a economia, etc. Estas palavras são tão irracionais como a palavra "judeu" na boca de um fascista. Elas exprimem a atitude anti-sexual relacionada com a estrutura mística reacionária do homem autoritário.


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O conteúdo irracional desses lemas refere-se sempre ao que está sexualmente vivo,


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Assim, torna-se necessário compreender o caráter irracional dos lemas, se pretendemos combater o misticismo, que é a origem de toda a reação política. Sempre que, a seguir, aparecer a palavra "bolchevismo", devemos pensar também em "ansiedade orgástica".


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a afirmação de que a religião representa a liberdade em relação ao mundo exterior vem confirmar a conclusão — a que já se chegara nos estudos de economia sexual — de que a religião representa um substituto imaginário para a satisfação real.


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Tratava-se apenas de conscientizar as massas da contradição de que eram presas, fazendo-as compreender que, no seu íntimo, desejavam com todas as forças exatamente aquilo que a revolução social iria impor, mas que, simultaneamente, concordavam com o falso moralismo.


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Assim se confirma, na psicologia de massas, a tese de que uma educação mística torna-se a base do fascismo sempre que um abalo social põe as massas em movimento.


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O sentimentalismo e o misticismo religioso de um Matuschka, de Haarmann ou de um Kürten estão intimamente relacionados com a sua crueldade sádica.


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Essas contradições procedem de uma só fonte: o anseio vegetativo insaciável, causado pela inibição sexual, que não


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Essas contradições procedem de uma só fonte: o anseio vegetativo insaciável, causado pela inibição sexual, que não


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permite a sua satisfação natural. Esse anseio tanto pode ser descarregado muscularmente, de um modo sádico, como pode transformar-se (devido a existência dos sentimentos de culpa) em experiências místicas religiosas. F


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A investigação sociológica conseguiu provar que as formas e também os diferentes conteúdos das religiões dependem das fases de desenvolvimento das relações econômicas e sociais


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Do ponto de vista sociológico, as concepções religiosas são também, em grande medida, determinadas pela capacidade do homem para dominar a natureza e as dificuldades sociais. A importância diante das forças da natureza e as catástrofes sociais essenciais levam o desenvolvimento de ideologias religiosas, nas crises culturais.


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as religiões patriarcais são sempre de natureza política reacionária. Estão sempre a serviço da classe dominante em qualquer sociedade de classe, e, na prática, impedem a abolição da miséria das massas, atribuindo-a à vontade de Deus e afastando as reivindicações de felicidade com belas palavras sobre o Além.


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A ideia religiosa básica de todas as religiões patriarcais é a negação da necessidade sexual.


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Na transição da sociedade de uma organização matriarcal, baseada na lei natural para uma organização patriarcal baseada na divisão de classes, perdeu-se essa unidade entre o culto religioso e o culto sexual; o culto religioso transformou-se na antítese do culto sexual. Assim, deixa de existir o culto sexual, para dar lugar à subcultura sexual dos bordéis, da pornografia e da sexualidade clandestina.


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Na verdade, o homem religioso encontra-se num estado de total desamparo. Em consequência da repressão da sua energia sexual, perdeu a capacidade para a felicidade e para a agressividade necessária ao combate das dificuldades da vida. Quanto mais desamparado ele se torna, mais é forçado a acreditar em forças sobrenaturais que o apoiam e o protegem


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O estado real de desamparo e o sofrimento físico intenso provocam a necessidade de ser consolado, apoiado e ajudado pelos outros, especialmente na luta contra os próprios maus impulsos ou, como se diz, contra os "pecados da carne".


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O prazer sexual foi, originariamente, como é natural, algo bom, belo, agradável, em suma. aquilo que unia os homens à natureza de modo geral. Com a separação entre o sentimento religioso e o sentimento sexual, este teve de transformar-se em algo mau, infernal, diabólico.


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À semelhança de todos os outros homens, sentem-se como um microcosmo dentro de um macrocosmo.


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1. A excitação religiosa é uma excitação vegetativa cuja natureza sexual fica encoberta. 

2. Através da mistificação da excitação, o homem religioso nega a sua sexualidade.


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. O êxtase religioso é um substituto da excitação vegetativa orgástica. 

4. O êxtase religioso não provoca o alívio sexual, mas sim, na melhor das hipóteses, uma fadiga muscular e espiritual. 

5. O sentimento religioso é subjetivamente verdadeiro e assenta em bases fisiológicas. 

6. A negação da natureza sexual dessa excitação provoca falsidade de caráter.


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o misticismo religioso, em todas as suas formas, significa obscurantismo e estreiteza de visão


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O deliberado encobrimento das descobertas científicas à grande massa da população e processos como os que tiveram lugar nos Estados Unidos visam promover a submissão, a falta de senso crítico, a renúncia voluntária e a esperança na vida extraterrena, a crença na autoridade, o reconhecimento da santidade da vida ascética e a inviolabilidade da família autoritária.


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a sexualidade natural é inimiga mortal da religião mística.


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O homem é um pobre diabo; mas não o sabe. Se o soubesse, que pobre diabo seria!


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humanitarismo" significa a perpetuação da desumanidade e, ao mesmo tempo, a sua camuflagem.


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O sucesso ou o fracasso do combate contra a fome não serão decididos pela vontade inabalável de eliminá-la, mas sim pela reunião das condições objetivas para tal


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se o trabalhador, o empregado ou o funcionário público são de direita, eles o são por falta de esclarecimento político, isto é, por desconhecimento da sua posição social. Quanto menos politizado for o indivíduo pertencente à grande massa trabalhadora, tanto mais facilmente permeável ele será à ideologia da reação política.


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ser apolítico não é, como se acredita, um estado psíquico de passividade, mas sim um comportamento extremamente ativo, uma defesa contra a consciência das responsabilidades sociais


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No caso do intelectual médio que "não quer ter nada a ver com a política", podem-se detectar facilmente interesses econômicos imediatos e o receio pela sua própria posição social, que depende da opinião pública, à qual sacrifica grotescamente os seus conhecimentos e convicções


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Quanto aos indivíduos que ocupam determinada posição no processo de produção e no entanto não assumem as suas responsabilidades sociais, podemos dividi-los em dois grandes grupos. Para um deles,, o conceito de política está associado inconscientemente à noção de violência e perigo físico, e, portanto, a uma forte sensação de medo que os impede de se orientarem de acordo com a realidade


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O movimento revolucionário não compreendeu até agora esta situação e tem procurado politizar o homem "apolítico", tentando conscientizá-lo exclusivamente dos seus interesses econômicos não satisfeitos.


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A experiência ensina, porém, que a massa de indivíduos "apolíticos", cuja atenção é difícil de captar, facilmente se deixa seduzir pelo discurso místico de um nacional-socialista, embora este faça poucas referências aos interesses de ordem econômica. Como isso se explica? É que os graves conflitos sexuais (no sentido mais lato) constituem um entrave, consciente ou


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inconsciente, ao pensamento racional e ao desenvolvimento do sentido das responsabilidades sociais, enchendo de angústia e asfixiando o indivíduo em questão. 

Diante de um fascista que utilize os meios da fé e do misticismo, isto é, os meios da sexualidade e da libido, esse indivíduo volta para ele toda a sua atenção, não porque o programa fascista lhe diga mais do que o programa revolucionário, mas porque a entrega ao führer e à sua ideologia lhe proporciona um alívio momentâneo da sua permanente tensão interior. Inconscientemente, ele é capaz de dar uma forma diferente aos seus conflitos e, desse modo, "resolvê-los"; isto leva-o mesmo a ver momentaneamente no fascista o revolucionário e em Hitler, o Lenin alemão


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É preciso conhecer nos bastidores a vida desses 5 milhões de indivíduos socialmente oprimidos, "apolíticos", indecisos, para poder compreender o papel desempenhado de um modo silencioso e secreto pela vida privada, isto é, essencialmente, pela vida sexual, no amplo processo da vida social


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É fácil concluir que só é possível uma abordagem: a compreensão da sua vida sexual de um ponto de vista social.


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rigidez biológica do organismo humano e a sua relação com o combate pela liberdade social e individual.


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Todo ser vivo tentará naturalmente descobrir e eliminar as causas da catástrofe em que se vê envolvido. Não repetirá os mesmos erros que produziram a catástrofe. É este, em essência, o processo de vencer as dificuldades através da experiência.


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no caso de um político que faz crer à população mundial os disparates mais inacreditáveis, que em 1940 considera verdadeiro exatamente o contrário daquilo que considerava verdadeiro em 1939, acontece que milhões de pessoas perdem seu referencial e concluem que aconteceu um milagre.


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Só é possível desenvolver condições de liberdade já existentes e eliminar os obstáculos que se opõem a esse desenvolvimento. Mas isso deve ser feito organicamente. Não se pode dotar um organismo social doente de liberdades garantidas por lei.


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A palavra fascismo não é um insulto, e nem a palavra capitalismo. Representa um conceito que designa uma forma muito particular de dirigir e influenciar as massas: 

regime autoritário, sistema de partido único, portanto totalitário, o poder à frente dos interesses objetivos, distorção política dos fatos, etc. Deste modo há "judeus fascistas" e "democratas fascistas


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segundo um dos princípios da psicologia de massas, não se deve anunciar uma "verdade objetiva", simplesmente porque ela é uma verdade. Antes de tudo, devemos nos perguntar como o indivíduo médio da população trabalhadora reagirá a um processo objetivo.


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as massas humanas, depois de séculos de opressão, são absolutamente incapazes de liberdade. 

Não só estavam completamente bloqueados para a aceitação dessa ideia, como chegavam a reagir com inquietação e ameaças à sua simples menção.


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É tarefa de uma orientação verdadeiramente democrática deixar que as massas, por assim dizer, superem a si próprias; mas as massas só serão capazes de superar a si próprias se desenvolverem espontaneamente entidades sociais que não pretendam competir com os diplomatas em matéria de álgebra política, mas sim refletir e servir de porta-vozes das massas em tudo aquilo que elas próprias não são capazes de refletir e exprimir, devido à miséria, à ignorância, à submissão e à peste do irracionalismo.


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Têm de mergulhar no caráter contraditório do homem que teve uma educação autoritária, procurar a reação política no comportamento e na estrutura das massas trabalhadoras, para então contribuírem para a sua articulação e eliminação


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a nacionalização ou socialização da produção por si só, em nada pode alterar a escravidão humana. O terreno que se adquire para construir uma casa na qual se pretende viver e trabalhar é apenas uma condição prévia da vida e do trabalho, mas não a vida e o trabalho em si mesmos.


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o combate entre as forças progressistas do desenvolvimento social e as forças reacionárias de entrave e regressão. A


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Durante milênios, os oprimidos não cessaram de lutar contra os seus opressores. Foram essas lutas que criaram a ciência que estuda o desejo de liberdade dos oprimidos


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o "socialismo só é pensável a nível internacional. Um socialismo nacional, ou até nacionalista (nacional-socialismo — fascismo), é um disparate sociológico e um logro das massas no sentido rigoroso do termo. Imagine-se que um médico descobre um remédio contra determinada doença, ao qual chama "soro". 

Surgiria, entretanto, um hábil usurário que, pretendendo ganhar dinheiro com essa doença, inventaria um veneno que produz a doença, chamando-lhe "remédio". Ele seria


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A teoria do socialismo exigia um determinado grau de amadurecimento da economia mundial: a luta imperialista pela obtenção de mercados, das riquezas do solo e de centros de poder assume necessariamente o caráter de guerra de rapina. A anarquia econômica terá se transformado no principal empecilho ao aumento da produtividade social. O caos econômico está claramente patente, por exemplo, no fato de serem destruídos os excedentes de produção para impedir a baixa dos preços, enquanto as massas famintas morrem de fome. A apropriação privada dos bens coletivamente produzidos constitui um contraste gritante com as necessidades da sociedade. O comércio internacional começa a sentir que as barreiras aduaneiras dos estados nacionais são barreiras insuperáveis.


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o amadurecimento econômico do internacionalismo não era acompanhado por um desenvolvimento correspondente na estrutura e ideologia humana.


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179 o herdeiro nacional-socialista deste médico. Do mesmo modo que Hitler, Mussolini e Stalin foram os herdeiros nacional-socialistas do socialismo internacional de Karl Marx.


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Quando a ideia da liberdade é aproveitada por naturezas medíocres, pobre liberdade!


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A reação política vive ê atua na própria estrutura humana e no pensamento e ação das massas oprimidas sob a forma de uma couraça de caráter, medo da responsabilidade, incapacidade para a liberdade e — por último, mas. não menos importante — atrofiamento endêmico do funcionamento biológico


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O desejo de liberdade, por parte do homem, não é satisfeito só pelo fato de haver ideias demais sobre a maneira mais segura de alcançar a liberdade, sem assumir também a responsabilidade direta pelo reajustamento doloroso da estrutura humana e suas instituições sociais.


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O catolicismo produz o desamparo estrutural das massas humanas que, em situações aflitivas, apelam para Deus, em vez de contarem com sua própria força e autoconfiança. O catolicismo cria, na estrutura humana, a incapacidade e o medo do prazer, do que resultam em grande parte as tendências sádicas do homem


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É muito mais sensato usar todas as forças contra a reação fascista enquanto se está no poder, do que desenvolver a coragem para fazê-lo depois de se ter abandonado o poder.


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o fascismo das massas não é mais do que o radicalismo decepcionado, aliado ao "pequeno-burguesismo" nacionalista. A socialdemocracia afundou-se na estrutura contraditória das massas, estrutura que não compreendeu.


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O fascismo tem a sua origem no conservadorismo dos socialdemocratas e na senilidade e tacanhice dos capitalistas.


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O "futuro melhor" só se tornará uma realidade quando estiverem preenchidas as condições prévias de natureza social, e quando a estrutura das massas for capaz de utilizá-las eficientemente, isto é, de assumir a sua responsabilidade social.


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com o aparecimento de classes, aparece o Estado, com o fim de "conter as contradições entre as classes" e de assegurar a continuidade da sociedade. 

Rapidamente, e "via de regra", o Estado passou a atuar ao serviço da "classe mais poderosa e economicamente dominante, que, por essa razão, passou a ser também a classe politicamente dominante", adquirindo deste modo novos meios para a subjugação e a exploração da classe oprimida


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o Estado à luz daquilo em que realmente se transformou: de um elo de ligação da sociedade de classes em instrumento usado pela classe economicamente dominante para dominar a classe economicamente mais fraca.


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Os objetivos finais a alcançar na organização da sociedade comunista são, por exemplo, o "respeito voluntário" pelas regras da convivência social, a construção de uma "comunidade" livre em lugar do Estado (também do Estado proletário), logo que tenha sido cumprida a função deste; além disso, aspira-se à "autogestão" das empresas, escolas, fábricas, organizações de transporte, etc.; numa palavra, a organização de uma "geração nova", que, tendo crescido no seio de novas relações sociais, baseadas na liberdade, seja capaz de rejeitar todos os vestígios do Estado..., "incluindo o Estado democrático e republicano" [Engels].


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À medida que o Estado se "extingue", surge a "organização livre" na qual, segundo Marx, o "livre desenvolvimento do indivíduo" constitui uma condição básica do "livre desenvolvimento de todos".


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Avaliar o grau de amadurecimento social de uma comunidade, não pela quantidade dos votos depositados nas urnas, mas pelo conteúdo real e palpável da sua atividade social, é um elemento essencial da democracia do trabalho.


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"Autogestão", "autogoverno", "disciplina não autoritária", tudo isto provoca, face ao fascismo, um sorriso indulgente de desdém! Sonhos de anarquistas! Utopias! Quimeras! 

E o certo é que os que assim gritavam e ironizavam podiam invocar até mesmo a União Soviética, a declaração de Stalin de que a abolição do Estado estava fora de questão, que, ao contrário, o poder do Estado proletário tinha de ser fortalecido e ampliado. 

Afinal, Lenin não tivera razão! O homem é e permanece escravo. Sem autoridade e coação, o homem não trabalha; simplesmente "entrega-se aos seus prazeres e vive ociosamente".


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não há quaisquer perspectivas de êxito para um programa de liberdade, enquanto não for transformada a estrutura sexual biopática dos homens.


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A tarefa do partido consiste em trabalhar incessantemente na concretização real e completa deste tipo superior de democracia que, para poder funcionar convenientemente, exige a elevação constante do nível cultural, da capacidade de organização e da autonomia das massas.


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teria sido realmente atingido o objetivo principal do movimento socialista revolucionário de 1917, ou seja, a abolição do Estado e a instituição da autogestão social?


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não foi possível realizar a transição de um regime estatal autoritário para o sistema de autogestão da sociedade. Essa transição não se concretizou porque a estrutura biopática das massas e os meios para efetuar uma mudança básica nessa estrutura não eram conhecidos


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a revolução russa encontrou um obstáculo do qual ela não tinha conhecimento e que foi, por isso, encoberto por ilusões. 

Esse obstáculo foi a estrutura humana do homem, uma estrutura que se tornou biopática no decorrer de milhares de anos. Seria absurdo atribuir a "culpa" a Stalin ou a qualquer outro. Stalin foi apenas um instrumento das circunstâncias.


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A estrutura do caráter humano representa uma força social em si mesma, que pode ser orientada tanto num sentido reacionário como num sentido internacionalista, mesmo que a base técnica seja exatamente a mesma.


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O que importa é que as massas trabalhadoras aprendam a não se contentar com satisfações ilusórias, que desembocam invariavelmente no fascismo, mas sim a considerar a satisfação real das necessidades vitais, e assumir a responsabilidade por isso.


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"Estamos ligados uns aos outros pelo mesmo princípio do trabalho e da capacidade produtiva. Conheçamo-nos uns aos outros e reflitamos sobre o modo como podemos ensinar os trabalhadores chineses a aplicarem os nossos princípios"


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A supressão da satisfação ilusória e a sua substituição pela satisfação real dos interesses dos trabalhadores e da cooperação dos trabalhadores de todo o mundo são condições indispensáveis para extirpar radicalmente o Estado totalitário da estrutura do caráter dos trabalhadores. Só então as massas trabalhadoras serão capazes de reunir as forças necessárias para adaptar a tecnologia às necessidades das massas.


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a diferença fundamental entre o político reacionário e o autêntico democrata se revela por suas atitudes em relação ao poder do Estado.


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ao, reconhecermos o irracionalismo existente na estrutura das massas, adquirimos as bases sociais para derrotá-lo — e com ele a própria ditadura — não com ilusões, mas de maneira objetiva e científica. Quando a cooperação social é desfeita, o poder do Estado invariavelmente é fortalecido,


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a sociedade necessitou de uma força capaz de impedir a sua deterioração, ruína e dissolução, quando começou a ser dividida por fortes antagonismos e dificuldades na vida social.


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Um dos maiores erros na apreciação das ditaduras consistiu em afirmar que o ditador se impõe à sociedade, por assim dizer, de fora, e contra a sua vontade. Mas na


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realidade, cada ditador não representou mais do que a concentração de ideias de Estado já existentes, as quais apenas teve de intensificar para se apossar do poder.


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O Estado


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É, antes, um produto da sociedade numa determinada fase do seu desenvolvimento; é a admissão de que essa sociedade se enredou numa contradição insuperável consigo mesma e se dividiu em interesses opostos inconciliáveis, os quais não tem forças para enfrentar. Mas para evitar essas oposições, essas classes com interesses econômicos opostos, se consumiam e à sociedade numa luta estéril, torna-se necessário um poder, aparentemente situado acima da sociedade, e que devia ter a função de reprimir o conflito, mantendo-o nos limites da "ordem". Esse poder, nascido da sociedade, mas situado acima dela, e dela se distanciando cada vez mais, é o Estado.


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Uma das tendências inerentes à democracia do trabalho é eliminar as funções da administração social que atuam acima da sociedade e/ou contra ela. O processo da democracia natural do trabalho suporta apenas as funções administrativas que servem para promover a unidade da sociedade e para facilitar suas operações vitais.


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o fascismo prometia simultaneamente a revolução contra o capitalismo privado e o remédio contra a revolução,


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por isso é tão importante, no âmbito da luta pela verdadeira democracia e pela autogestão social, evidenciar e sublinhar o papel desempenhado pela estrutura do caráter humano e pela necessidade dos homens de assumirem a responsabilidade, nos domínios do amor, do trabalho e do conhecimento.


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só na medida em que o Estado se elimina de maneira visível e clara é que é possível à democracia do trabalho desenvolver-se organicamente;


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a responsabilidade repousa tanto sobre o Estado como sobre as massas humanas, uma responsabilidade no bom, e não no mau sentido. É dever do Estado não só encorajar o anseio apaixonado por liberdade nas massas trabalhadoras; ele precisa também fazer todos os esforços para torná-las capazes de liberdade. Se não o fizer, se reprimir o anseio intenso por liberdade, ou até desvirtuá-lo, e colocar-se como obstáculo à tendência para a autogestão, então estará mostrando claramente que é um Estado fascista. Torna-se assim responsável por todos os estragos e por todos os perigos que provocar, em consequência de não ter cumprido o seu dever.


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O trabalho é a base da existência social do homem.


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O "salário" que o trabalhador recebe corresponde mais ou menos ao mínimo necessário para a reprodução dessa força de trabalho.


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o problema fundamental de uma verdadeira democracia, de uma democracia de trabalho,


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Mais do que qualquer outra coisa, é um problema de alterar a natureza do trabalho, de modo que este deixe de ser um dever fastidioso e se torne a realização gratificante de uma necessidade.


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Podem ser definidos, com suficiente rigor, dois tipos essenciais de trabalho humano: o trabalho compulsório, que não dá qualquer prazer, e o trabalho que é natural e agradável.1


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O estudo do trabalho humano, do ponto de vista da psicologia de massas, parle, corretamente, da relação do trabalhador com o produto do seu trabalho. Esta relação contém um aspecto de economia social e relaciona-se com o prazer que o trabalhador extrai do seu trabalho. O trabalho é uma atividade biológica fundamental que assenta, de modo geral, tal como a vida, em pulsações de prazer.


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o trabalho, no século XX, está inteiramente dominado pela lei do dever e a necessidade de subsistência. O trabalho realizado por milhões de trabalhadores no mundo inteiro não lhes proporciona nem prazer nem satisfação biológica. Enquadra-se, de maneira geral, no tipo de trabalho compulsório. Caracteriza-se por se encontrar em contradição com a necessidade biológica de prazer, por parte do trabalhador. É realizado por dever, por consciência, para evitar a autodestruição, e, na maior parte dos casos, a serviço de outros. O trabalhador não se interessa pelo produto do seu trabalho, e, por isso, o trabalho é destituído de prazer e representa uma carga pesada.


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É certo que a atividade em si representa uma certa satisfação biológica, mas a maneira como essa atividade se encontra comprimida na economia de mercado anula a


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satisfação proporcionada pelo trabalho e a vontade de trabalhar. Sem dúvida nenhuma, uma das tarefas mais prementes da democracia do trabalho é harmonizar as condições e formas de trabalho com a necessidade de trabalhar e a satisfação no trabalho, isto é, eliminar o antagonismo entre trabalho e prazer.


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Quando os homens voltarem a ter uma relação direta com o produto do seu trabalho, assumirão também com prazer, a responsabilidade que hoje não têm ou se recusam a ter.


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apesar dos progressos da ciência, o misticismo das massas é, em 1944, mais forte do que nunca. Isso é incontestável. Mas se o objetivo pretendido — neste caso a racionalidade das massas humanas — não foi atingido, isso não significa que ele não pode ser concretizado.


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Imagine-se por um momento que uma comunidade vivendo em democracia do trabalho excluísse todo o irracionalismo de seus jornais e se decidisse a discutir, ela mesma, as condições de trabalho gratificante


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todo o processo de trabalho é e deve ser, natural e


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necessariamente, baseado em um processo de democracia do trabalho. A autogestão é uma característica espontânea do trabalho.


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É sempre mais fácil, para quem se mantém numa atitude passiva, ridicularizar os fracassos de quem tenta avançar.


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na democracia do trabalho, cada detalhe é desenvolvido organicamente a partir dos aspectos técnicos do trabalho. "Como organizaremos a nossa empresa, quando tivermos de administrá-la? Que dificuldades precisamos superar? Como racionalizar a empresa, para facilitar o trabalho? Que conhecimentos ainda temos de adquirir para podermos dirigir melhor a empresa? Como resolveremos os problemas de habitação, alimentação, cuidados para com crianças, etc.?


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A alienação dos trabalhadores em relação ao trabalho só pode ser abolida se os trabalhadores aprenderem a lidar com os aspectos técnicos da empresa, a qual, com o seu trabalho, mantêm em funcionamento; deste modo se preenche a lacuna entre o trabalho especializado e a responsabilidade social, lacuna que destrói a vida em sociedade.


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O essencial não é ter uma "consciência de classe" formal, ou pertencer a uma determinada classe, mas sim ter um interesse técnico pela profissão, ter uma relação objetiva com o trabalho, uma relação que substitua o nacionalismo e a consciência de classe por uma consciência da própria habilidade. Só estando estreitamente ligado ao seu trabalho, o trabalhador pode compreender a que ponto são destruidoras as formas de trabalho das ditaduras e das democracias formais, não só para o trabalho em si mas também para o prazer de trabalhar.


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A higiene do processo de trabalho depende de como as massas de pessoas usam e satisfazem sua energia biológica. Trabalho e sexualidade têm origem na mesma energia biológica.


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distrito de "Donbas", o mais importante dos distritos mineiros


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A sexualidade insatisfeita facilmente se converte em fúria


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Ao falarmos de "condição da economia sexual", não nos referimos exclusivamente à possibilidade de ter uma vida amorosa satisfatória e regular, mas, além disso, a tudo o que se relaciona com o prazer e a alegria de viver no


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âmbito do trabalho


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É extremamente importante a relação entre a vida sexual do trabalhador e o desempenho em seu trabalho


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quanto mais energia sexual for desviada da satisfação natural. O que ocorre é o inverso: quanto mais satisfatória é a vida sexual, tanto mais produtivo e satisfatório é o trabalho, se estiverem preenchidas todas as condições exteriores.


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para que se possa desenvolver plenamente o impulso biológico de atividade, é necessário não só criar as melhores condições externas para o trabalho, mas também satisfazer os pressupostos biológicos de ordem interna. Por este motivo, uma das condições mais importantes para um trabalho produtivo e agradável consiste em assegurar a vida sexual das massas trabalhadoras.


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O impulso para a atividade origina-se em fontes biológicas de excitação do organismo; portanto, é um impulso natural.


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o trabalho deve ser organizado de modo a possibilitar o desenvolvimento e a satisfação da necessidade biológica de atividade


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1. Criação de melhores condições externas de trabalho (proteção no trabalho, redução do horário de trabalho, revezamento nas funções de trabalho, criação de uma relação direta do trabalhador com o produto do seu trabalho).


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2. Liberação dos impulsos naturais de atividade (a prevenção da formação da couraça rígida de caráter). 

3. Criação de todas as condições necessárias para que a energia sexual possa ser convertida em interesse pelo trabalho. Para isso, a energia sexual deve: 

4. poder ser satisfeita, e realmente satisfeita. Para isso, é preciso assegurar a reunião de todas as condições para uma vida sexual de homens e mulheres trabalhadores que seja inteiramente satisfatória, baseada nos princípios da economia sexual e aceita pela sociedade (boas condições de habitação, meios anticoncepcionais, adoção dos princípios de economia sexual na orientação da sexualidade infantil e juvenil).


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O governo soviético, sujeito às pressões de um mundo imperialista hostil, defrontava-se com a tarefa de proceder à industrialização do país com a maior rapidez possível; por isso voltou a adotar métodos autoritários. Os esforços iniciais no sentido da autogestão social foram negligenciados e até mesmo abandonados.


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não é nos sovietes, como representantes dos homens e mulheres trabalhadores, que reside a causa do fracasso, mas sim na manipulação destes sovietes pelos políticos. O governo soviético teve de resolver os problemas econômicos e de disciplina de trabalho. Como o princípio da autogestão fracassou, teve de recorrer novamente ao princípio da autoridade. Isto não significa que aprovemos o princípio da autoridade; pelo contrário, se enfatizamos esta regressão catastrófica, é apenas porque queremos conhecer as razões desse revés e, então, eliminar as dificuldades para contribuir, apesar de tudo, para o triunfo da autogestão. 

Neste ponto, a responsabilidade por esse fracasso recai sobre as próprias massas trabalhadoras. A menos que aprendam a eliminar sua própria fraqueza com sua própria ingenuidade, elas não poderão se libertar das formas autoritárias de governo. Ninguém as pode ajudar. Elas e só elas são responsáveis. Esta é a única verdade capaz de proporcionar alguma esperança.


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Uma ditadura declarada é muito menos perigosa do que uma democracia aparente


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Por isso não podemos poupar aos políticos soviéticos a acusação de desonestidade. Prejudicaram, mais do que Hitler, o desenvolvimento da verdadeira democracia. Esta acusação é dura, mas inevitável. Não se pode apenas falar em autocrítica. É necessário exercê-la, por mais dolorosa que seja.


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1. Quando uma população de 160 milhões de pessoas é mantida durante anos num clima de guerra, sendo-lhe inculcada uma ideologia militarista, são inevitáveis as influências sobre a formação da estrutura humana, mesmo que tenha sido atingido o objetivo dessa ideologia de guerra. A estrutura militarista da liderança de massas recebeu poderes autônomos. A "devoção abnegada" como ideal de vida exaltado na educação das massas criou, gradualmente, a psicologia de massas, a que tornou possível realizar os processos ditatoriais, de expurgos, execuções e medidas coercitivas de todo tipo. Depois de tudo o que expusemos, quem se atreverá ainda a subestimar o papel da biopsicologia no desenvolvimento de uma sociedade livre? 

2. Quando um governo que se sente rodeado por poderes beligerantes exerce, durante anos seguidos, um tipo definido de influência militarista e ideológica sobre as massas, e, envolvido no turbilhão de tarefas imediatas de difícil resolução, acaba esquecendo sua própria tarefa, é facilmente tentado a manter e intensificar essa atmosfera, mesmo depois que, uma vez atingido o seu objetivo, ele tenha se tornado supérfluo. As massas humanas são e permanecem alienadas, alheiam-se, vegetam ou tentam superar as suas necessidades refugiando-se num chauvinismo irracional.


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Se não estabelecermos uma rigorosa distinção entre a emoção do herói e o objetivo libertário do seu esforço, acabamos nos afastando irremediavelmente da busca de objetivos (autogestão).


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Visto que cerca de 40% da indústria da União Soviética, no tempo do plano quinquenal, servia para a produção de material de guerra, tornava-se necessário intensificar consideravelmente o trabalho, para manter num certo nível a indústria de bens de consumo. Assim se organizaram "noites de trabalho", com o propósito de estimular a ambição. Nessas "noites", estabeleciam-se competições para ver quem conseguia datilografar mais depressa, embrulhar bombons mais depressa, etc. 

Em várias fábricas foi instituído o sistema de quadro preto e quadro vermelho. No quadro preto, eram escritos os nomes dos trabalhadores "preguiçosos"; no vermelho, os dos trabalhadores "bons e diligentes". Ignoraram-se os efeitos produzidos pela exaltação moral de uns e pela humilhação de outros sobre a formação do caráter. Mas, a partir de tudo o que sabemos sobre a aplicação dessas medidas, podemos concluir com segurança que os efeitos sobre a formação da estrutura humana foram desastrosas. Aqueles que viam o seu nome escrito no quadro preto tinham, sem dúvida, sentimentos de vergonha, inveja, inferioridade e mesmo ódio; os que eram inscritos no quadro vermelho podiam vangloriar-se face aos outros concorrentes, podiam sentir-se vitoriosos, podiam dar vazão à sua brutalidade e fazer triunfar a sua ambição. Mas, na realidade, os vencidos em tal concurso não eram necessariamente os "inferiores". Pelo contrário: temos o direito de supor que alguns dos "negros" eram homens estruturalmente mais livres, mesmo que mais neuróticos. E, em contrapartida, o vencedor não era necessariamente um ser humano livre, pois exatamente aquilo que se estimulava nele corresponde às características principais dos ambiciosos, dos fanfarrões, numa palavra, de pessoas vítimas da peste emocional.


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Enquanto a grande maioria dos trabalhadores não produzir o trabalho da sociedade com entusiasmo e com a consciência da responsabilidade individual, não pode haver uma verdadeira transformação do trabalho obrigatório em trabalho realizado com prazer


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A estrutura humana que é formada a partir dessa "disciplinação" de trabalho é também impregnada de fanatismo religioso e de resistência passiva e entorpecida. 

Aconteceu sempre que o ethos de alguns, com a sua disciplina, teve como consequência a incompetência da grande maioria das pessoas


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Ê uma questão de caráter, vontade, convicção, prazer em assumir a responsabilidade e entusiasmo das grandes massas de homens e mulheres trabalhadores. Elas têm que ter vontade e ser capazes de defender a sua própria vida e insistir no valor de sua experiência.


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Foi necessária a regulação autoritária e nacionalista do processo de trabalho na União Soviética? Sim! 

Essa regulação foi capaz de armar o país? Sim! 

Essa regulação foi uma medida progressiva, destinada a estabelecer a autogestão da sociedade russa? 

Não! 

Conseguiu resolver algum dos graves problemas sociais ou abriu o caminho para solucioná-los? Contribuiu, e em que medida, para a satisfação da sociedade? 

Nada! 

Pelo contrário, produziu uma natureza humana limitada, do tipo nacionalista, justificando desse modo a implantação de uma ditadura Vermelha autocrática.


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Em 1943, o capitão Rickenbacker visitou oficialmente a União Soviética. Depois do seu regresso, o New York Times inseria, no número de 18 de agosto, um artigo bastante detalhado contendo as suas impressões. Desse artigo, cito: 

... o capitão Rickenbacker observou que, enquanto nos últimos anos a Rússia se inclinou para a direita, os Estados Unidos, nesses mesmos anos, "tenderam para a esquerda".


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Se continuar assim, veremos a Rússia emergir desta guerra como a maior democracia do mundo, enquanto nós, se continuarmos pelo mesmo caminho, ficaremos como eles estavam há 25 anos", declarou ele. 

"O senhor quer dizer com isto que a Rússia se dirige para o capitalismo enquanto nós nos dirigimos para o bolchevismo?", perguntaram ao capitão Rickenbacker. 

"Sim, em certo sentido", respondeu ele,


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Não podemos equiparar "capitalismo" e "democracia"


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A democracia do trabalho é o processo natural do amor, do trabalho e do conhecimento, que governou, governa e continuará governando a economia e a vida social e cultural do homem, enquanto houver uma sociedade. A democracia do trabalho é a soma de todas as funções da vida, governada pelas relações racionais interpessoais, que nasceram, cresceram e se desenvolveram de uma maneira natural e orgânica.


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O que esse processo da democracia do trabalho exige, onde quer que funcione, é que as ideologias e instituições sociais correspondam às necessidades naturais e às relações humanas, como acontece no amor natural, no trabalho vitalmente necessário e na ciência natural.


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não é possível destruí-las. Por isso constituem a base sólida de todos os processos sociais racionais.


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Aqueles que desempenham um trabalho vitalmente necessário, ou estão conscientes de sua responsabilidade pelos processos sociais, ou essa consciência evolui organicamente, como uma árvore ou o corpo de um animal.


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a pulsação da sociedade humana cessaria de uma vez por todas se parassem, por um só dia que fosse, as funções naturais do amor, do trabalho e do conhecimento.


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amor natural, o trabalho vitalmente necessário e a ciência natural são funções racionais da vida. Pela sua própria natureza, não podem deixar de ser racionais.


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A ditadura só consegue reprimir as funções naturais da vida, ou explorá-las para seus propósitos estreitos, nunca pode promover ou proteger essas funções, ou desempenhá-las ela mesma. Fazendo isso, ela se destruiria.


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é necessário é coordenar as funções naturais da vida com a regulação dos processos sociais futuros.


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A reunião dos representantes de todo o trabalho vitalmente necessário numa organização internacional dotada, social e legalmente, de autoridade prática, seria imbatível e significaria o fim do irracionalismo político internacional.


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A responsabilidade pela satisfação das necessidades humanas caberia exclusivamente aos produtores e aos consumidores


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As massas de homens e mulheres trabalhadores não serão isentadas de sua responsabilidade social. Elas serão sobrecarregadas com ela


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Essa democracia se apoia nas funções do amor, do trabalho e do conhecimento, e se desenvolve organicamente.


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através de funções práticas da vida, que obedecem às suas próprias leis.


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a democracia do trabalho é uma função — básica, natural biossociológica


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as massas humanas, em consequência de milênios de distorção social e educacional, tornaram-se biologicamente rígidas e incapazes de liberdade; não são capazes de estabelecer a coexistência pacífica.


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as massas humanas simplesmente regurgitam aquilo que nelas se inculca. Reagiram a isso com uma lealdade servil. Elas mesmas provocaram essa situação ignominiosa. É ridículo dizer que o general psicopata conseguiu violentar por si só 70 milhões de pessoas.


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O que provocou o fracasso dos movimentos socialistas pela liberdade foi essa transferência de


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liberdade


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a responsabilidade de cada indivíduo pela construção da sua existência pessoal, profissional e social, de forma racional,


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A solução para esse problema exigirá mais reflexão, mais decência, mais consciência, um reajustamento econômico, educacional e social na vida social das massas


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1) Todos os processos sociais são determinados pela atitude das massas. 

2) As massas são incapazes de liberdade. 

3) A conquista da capacidade de ser livres pelas próprias massas representa a verdadeira liberdade social.


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246 responsabilidade do homem vivo para os "desenvolvimentos históricos


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O desenvolvimento da liberdade exige a ausência total de ilusões, pois só então será possível exterminar todo o irracionalismo das massas humanas, para abrir o caminho para a responsabilidade e a liberdade


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nossa resposta é racional e científica. Baseia-se no fato da incapacidade das massas humanas para a liberdade; porém não concebemos essa realidade como um dado natural, de caráter absoluto e eterno, mas sim como consequência de condições sociais muito antigas, e por isso mesmo suscetível de ser alterada.


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Disso resultam duas importantes tarefas: 

I. A investigação e o esclarecimento das formas sob as quais se manifesta a incapacidade do homem para a liberdade. 

II. A pesquisa dos instrumentos médicos, pedagógicos e sociais que possam criar essa capacidade de forma cada vez mais generalizada e ampla.


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os erros cometidos pelas massas humanas: a sua apatia social, a sua passividade, a sua sede de autoridade, etc.


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Dentro desse contexto geral de ilusões, teremos que manter uma honestidade subjetiva e objetiva. Teremos de nos esforçar para manter não adulterados, e mesmo para aprofundar, os nossos conhecimentos sobre a natureza humana


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um conhecimento modesto, discreto, sem ostentação, contendo as sementes do futuro. Essa tarefa pode ser realizada mesmo nas piores condições sociais.


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Sem o poder para colocá-los em prática, as verdades não têm nenhuma utilidade. 

Elas permanecem acadêmicas. 

O poder, seja ele qual for, sem uma base de verdade, é ditadura, de um modo ou de outro, pois se apoia sempre no medo que os homens têm de assumir a responsabilidade social e o pesado fardo inerente à "liberdade".


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O poder ditatorial não é conciliável com a verdade; excluem-se mutuamente.


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O conhecimento profundo da miséria humana, adquirido há dois mil anos, deu lugar a fórmulas rígidas, o manto simples deu lugar às vestes ornamentadas, a revolta contra a opressão dos pobres deu lugar à consolação com a esperança da felicidade eterna.


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As verdades da economia de Marx pereceram na Revolução Russa, quando a palavra "sociedade" foi substituída por "estado" e o conceito de uma "humanidade internacional" foi substituído pelo pacto com Hitler.


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O poder e a verdade são inconciliáveis. Também esta é uma verdade brutal e amarga.


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Quanto mais as massas humanas aderirem à verdade, menor será o abuso do poder: em contrapartida, se as massas humanas acalentarem ilusões irracionais, tanto mais amplo e brutal será o exercício do poder por parte de um punhado de homens.


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é definitivamente concebível que a catástrofe mundial chegue a uma fase em que as massas humanas serão forçadas a compreender as suas próprias


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atitudes sociais, a transformar a si próprias, e a assumir o pesado fardo da responsabilidade social. Nessa altura assumirão elas próprias o poder e terão razão ao rejeitar grupos que pretendem "conquistar" o poder no "interesse do povo". Deste modo, nada nos leva a lutar pelo poder.


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Em contrapartida, podemos ter a certeza de que as massas humanas têm necessidade de nós, de que nos chamarão e nos confiarão importantes funções, se algum dia tiverem condições de se transformarem numa direção racional. Nesse momento, seremos parte dessas massas e não seus dirigentes, não seus representantes eleitos nem seus "mentores".


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elas só virão até nós se nos tivermos mantido honestos. 

Então, quando as massas humanas tiverem de carregar a responsabilidade por toda a existência social, enfrentarão inevitavelmente as suas fraquezas, a herança do passado funesto, isto é, todos os aspectos da sua estrutura, do seu pensamento e dos seus sentimentos, que nós reunimos sob o conceito de "incapacidade para a liberdade". E nós, como instituição social, junto com milhares de amigos, revelaremos os mecanismos dessa incapacidade para a liberdade e os obstáculos que se opõem ao desenvolvimento da liberdade para ajudarmos as massas humanas no processo que conduz à verdadeira liberdade.


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Essa confiança será tanto maior quanto melhor a nossa atividade científica e prática souber refletir a realidade. Essa confiança não pode ser conquistada: ela nasce espontaneamente, quando nos dedicamos honestamente a uma atividade. De modo nenhum devemos adaptar as nossas ideias ao modo de pensar atual das massas, com o objetivo de "ganhar influência". A confiança generalizada nas nossas atividades só se estabelecerá a partir do amadurecimento do conhecimento generalizado da própria natureza da peste.


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veremos na nossa permanência na "oposição" um sinal seguro de que a sociedade não está ainda preparada para detectar e eliminar a irracionalidade que comanda os seus mecanismos


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A renúncia ao poder não significa renúncia à orientação racional da existência humana. O efeito é diferente: é um efeito a longo prazo, profundamente transformador, verdadeiramente assegurador da vida. Não importa que só sintamos os efeitos amanhã ou depois de amanhã


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Não nos empenhamos em ser benfeitores do povo ou em sentir pena dele. Nós levamos o povo a sério! Se ele necessitar de nós, saberá chamar-nos. E nós responderemos ao apelo.


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jamais na história da sociedade humana as massas foram capazes de preservar, desenvolver e organizar a liberdade e a paz conquistadas em batalhas sangrentas. Referimo-nos à verdadeira liberdade de desenvolvimento pessoal e social, à liberdade de enfrentar a vida sem medo, à liberdade em relação a todas as formas de repressão econômica, à liberdade em relação às inibições reacionárias do desenvolvimento; numa palavra, a autogestão livre da vida.


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Esta força reacionária que atua no seio das massas manifesta-se sob a forma geral de medo da responsabilidade e medo da liberdade.


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Nossa concepção de luta antifascista é


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um reconhecimento claro e impiedoso das causas históricas e biológicas que determinaram tais assassínios.


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O homem é fundamentalmente um animal. Os animais, porém, distinguem-se do homem porque não são mecânicos nem sádicos, e porque suas sociedades (dentro de uma mesma espécie) são muito mais pacíficas do que as sociedades humanas


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A vida humana é dicotomizada: uma parte de sua vida é determinada pelas leis biológicas (satisfação sexual, alimentação, relação com a natureza); a outra parte é determinada pela civilização da máquina (ideias mecânicas sobre a sua própria organização, sobre a sua supremacia no reino animal, sobre o seu comportamento racista ou classista em relação a outros grupos humanos, sobre conceitos de valor de propriedade, ciência, religião, etc.). Ser ou não ser animal, raízes biológicas, por um lado, e evolução técnica, por outro, dividem a existência e o pensamento do homem


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A máquina foi, é e continuará sendo o seu mais perigoso destruidor, se o homem não se diferenciar dela.


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A concepção mecanicista da vida é uma reprodução da civilização mecanicista.


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nessas fantasias do homem acerca de si próprio e da sua organização


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há ausência total de uma expressão viva, social, de bons sentimentos e de ligação à natureza


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O homem descreve assim, exemplarmente, a sua contradição biológica interna. 

1. Na ideologia: o animal mau — o homem sublime. 

2. Na realidade: o animal bom e livre — robô brutal.


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o atraso na compreensão da vida, a sua falsa interpretação mecanicista e a supervalorização da máquina foram e continuam sendo inconscientemente intencionais


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Não à animalidade! Não à sexualidade!" — estes são os princípios da formação de todas as ideologias humanas, disfarçados quer sob a forma fascista de "super-homem" de raça pura, a forma comunista de honra da classe operária, a forma cristã de "natureza espiritual e moral" do homem ou a forma liberal de "valores humanos superiores


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A ciência natural reforça no homem a convicção de que ele não é mais do que um verme no universo


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é precisamente com relação à sua organização biológica e social que o homem tateia no escuro e se encontra irremediavelmente confuso.


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Durante milênios de desenvolvimento mecânico, a concepção mecanicista da vida, transmitida através das gerações, se enraizou cada vez mais no sistema biológico do homem. No processo desse desenvolvimento, o funcionamento do homem realmente se alterou de uma maneira mecânica. O homem se tornou plasmaticamente rígido no processo de destruição de suas funções genitais. Revestiu-se de uma couraça contra a sua própria naturalidade e espontaneidade, perdeu o contato com as funções biológicas auto-reguladoras. Agora ele tem um medo mortal de tudo que é vivo e livre.


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o sistema escravagista foi substituído pela escravidão inferior.


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a verdadeira natureza do homem lhe é lembrada a cada dia por suas funções físicas, pela procriação, nascimento e morte, impulso sexual e dependência em relação à natureza. A partir daí, exagera o seu esforço no sentido de cumprir a sua "missão" "nacional" ou "divina"; a ancestral aversão às verdadeiras ciências naturais, isto é, aquelas que não se ocupam com a construção de máquinas, tem base nesse esforço. Foram previstos vários milênios para que um Darwin conseguisse explicar categoricamente a origem animal do homem. Foram precisos também muitos milênios para que um Freud descobrisse o fato simples de que a criança é essencialmente, e acima de tudo, sexual. E como protestou o animal homem ao ouvir essas coisas.


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Na sua essência, o homem ainda continua sendo uma criatura animal. Por mais imóveis que sejam sua pélvis e suas costas, por mais rígidos que estejam seu pescoço e seus ombros, por mais tensos que sejam seus músculos abdominais — ou por mais que erga o peito de orgulho ou de medo —, o homem sente, no profundo cerne das suas sensações, que ele é apenas um pedaço de natureza viva e organizada.


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Só quando o homem reconhecer que ele é fundamentalmente um animal, ele será capaz de criar uma verdadeira cultura.


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O desejo de liberdade e a capacidade para a liberdade não são mais do que o desejo e a capacidade de reconhecer e fomentar o desenvolvimento pleno da energia biológica do homem (com a ajuda das máquinas). Não existe liberdade quando o desenvolvimento biológico do homem é reprimido e temido.


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A responsabilidade pelas guerras recai exclusivamente nos ombros dessas mesmas massas, pois elas têm, em suas próprias mãos, todos os meios necessários para impedir a guerra. 

Em parte por sua apatia, em parte por sua passividade, e em parte ativamente, essas mesmas massas humanas possibilitaram as catástrofes de que elas mesmas são as maiores vítimas


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consiste em vencer a incapacidade fisiológica para a liberdade.


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1. As massas humanas são incapazes de liberdade. 

2. A capacidade geral para a liberdade só pode ser obtida na luta diária pela formação livre da vida. 

3. Conclusão: As massas humanas que agora são incapazes de liberdade têm de conquistar o poder social para então serem capazes de ser livres e de estabelecer a liberdade.


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O hitlerismo é, de um ponto de vista biopsíquico, nada mais nada menos que a forma consumada do mecanismo mecânico aliado ao irracionalismo místico das massas humanas


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A arma principal no arsenal da liberdade é a intensa ânsia de ser livre, por parte de cada nova geração


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As forças, que são naturais e vitais, no indivíduo e na sociedade, devem ser claramente separadas de todos os obstáculos que atuam contra o funcionamento espontâneo dessa vitalidade natural.


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Um conhecimento vivo e espontâneo das leis naturais da vida, por parte dos seres humanos de todas as idades, condições sociais e raças. Deve-se eliminar a deformação desse conhecimento provocada por concepções e instituições hostis à vida, rígidas e inflexíveis, mecânicas e místicas. 

As relações naturais de trabalho entre os homens e as mulheres e o seu natural prazer no trabalho, que são ricas de força e de possibilidades futuras, É preciso eliminar tudo que impede a democracia natural do trabalho: limitações e regulamentos arbitrários, hostis à vida, autoritários. 

A sociabilidade e a moralidade naturais estão presentes em homens e mulheres. É preciso eliminar o moralismo repugnante que abafa a moralidade natural, justificando a sua ação com os impulsos criminosos que ele próprio gerou.


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Deixemos a política de lado definitivamente! Voltemo-nos para as tarefas práticas da vida real!"


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Um político


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não é submetido a qualquer exigência. Basta uma certa dose de esperteza, de ambição neurótica e de vontade de poder, aliada à brutalidade, para, em determinadas circunstâncias sociais caóticas, qualquer pessoa poder ocupar as posições mais altas da sociedade humana.


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Nada pode exemplificar, de modo mais simples e mais claro, o irracionalismo social que periodicamente leva a vida humana à beira do precipício.


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O que é essencial aqui é estudar o efeito do sistema de partidos políticos no desenvolvimento da sociedade.


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científico, seja ele um educador, um torneiro, um técnico, um médico ou qualquer outra coisa, tem a seu cargo realizar e assegurar o processo social do trabalho. Encontra-se numa situação de muita responsabilidade na sociedade: tem de provar na prática cada uma das suas afirmações. Tem de trabalhar diligentemente, tem de refletir, procurar novos caminhos, reconhecer erros. Como pesquisador, tem de examinar e refutar falsas teorias, e, a cada realização inteiramente nova, expor-se à maldade humana e lutar até a vitória. Não precisa de poder, pois não é por meio do poder que se constroem motores, que se produzem medicamentos, que se educam as crianças, etc. O homem científico e trabalhador vive e atua sem armas.


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"Amor, trabalho e conhecimento são as fontes da nossa vida. Deveriam também governá-la!


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Pela sua própria essência, qualquer processo racional de trabalho ê espontaneamente contra as funções vitais irracionais.


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O modo de vida segundo a democracia do trabalho insiste no direito de todos os homens e mulheres trabalhadores à discussão e à crítica. Esta condição é fundamental e imprescindível, e deveria ser irrevogável. Se não for cumprida, esgota-se facilmente a fonte da produtividade humana.


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A cavilação irracional apresenta-se geralmente disfarçada sob uma capa de objetividade aparente.


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Numa acepção rigorosamente científica e objetiva do termo, só é legítimo um tipo de crítica, a chamada crítica imanente; isto é, o crítico deve preencher determinadas condições para poder reivindicar o seu direito a exercer crítica: 

1. Deve conhecer a fundo o campo de trabalho que vai criticar. 

2. Deve conhecê-lo tão bem ou mesmo melhor do que o indivíduo que é objeto da sua crítica. 

3. Deve estar interessado em que o trabalho seja um êxito, e não um fracasso. Se a sua intenção é apenas a de atrapalhar o trabalho, se os motivos que o levam a criticar não decorrem de um interesse objetivo, nesse caso não é um crítico, mas um neurótico. 

4. Deve exercer a sua crítica do ponto de vista do setor de trabalho que é criticado. 

Não pode exercer crítica de um ponto de vista alheio que nada tem a ver com o campo


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do trabalho em questão


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conceito clínico da economia sexual de "peste emocional". Podemos defini-la como o somatório de todas as junções vitais irracionais existentes no animal humano.


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o trabalhador vive "socialmente" e "de modo sociável


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sente em termos de "prazer no trabalho" e de "ordem de trabalho", de "regulação" e de "cooperação


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sente ou gostaria de sentir "decência espontânea" e um "desejo natural de viver".


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o trabalhador goza ou gostaria de gozar do "amor entre marido, mulher e filhos


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deseja a "satisfação das necessidades e o abastecimento livre de gêneros alimentícios"


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deseja ser livre para experimentar as coisas a seu modo, ter a liberdade de ser o que é ou gostaria de ser.


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É necessário criar instituições efetivas que assegurem à atividade viva das massas humanas a liberdade de ação e de desenvolvimento.


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constituída


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exclusivamente pela função social do trabalho vitalmente necessário, que resulta naturalmente das relações estreitas entre os diversos ramos de trabalho.


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Se a sociedade humana estivesse organizada racionalmente, o amor, o trabalho e o conhecimento seriam inquestionáveis, e caberia a eles, e não às instituições desnecessárias, o direito de determinar a existência social.


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o desenvolvimento é determinado pelo progresso orgânico de um processo de trabalho. Os homens e mulheres trabalhadores são os órgãos funcionais desse trabalho. Podem ser um bom ou um mau órgão de funcionamento, sem que isso altere basicamente o próprio processo de trabalho. O fato de um homem ou uma mulher ser um órgão de funcionamento bom ou mau depende essencialmente do grau reduzido ou elevado de irracionalismo que exista na sua estrutura.


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Consideraremos trabalho vitalmente necessário todo tipo de trabalho indispensável à manutenção da vida humana e ao funcionamento da sociedade.


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Temos que designar como não-trabalho aquela atividade que é prejudicial ao processo da vida.


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A ideologia política da classe dominante, mas não trabalhadora, subestimou durante muitos séculos exatamente o trabalho vitalmente necessário. Por outro lado representou o não-trabalho como um sinal de sangue nobre


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A descoberta de que a ideologia de determinado grupo humano não corresponde necessariamente à sua posição econômica, de que, pelo contrário, frequentemente há uma grande disparidade entre a posição econômica e a posição ideológica, possibilitou-nos compreender o movimento fascista que até então permanecera um enigma


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A economia sexual chegou mesmo a provar que grande parte do sadismo com que a classe dominante oprime e explora as outras classes encontra a sua principal explicação na repressão à sexualidade.


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A contradição entre trabalho e política aplica-se tanto ao capitalista como ao trabalhador assalariado. Do mesmo modo que um pedreiro pode ser fascista, também um capitalista pode ser socialista. Em resumo, temos de compreender que não é possível orientar-se no caos social, baseando-se em ideologias políticas.


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Há uma clara distinção entre estes capitalistas, que desempenham um trabalho objetivo, e os capitalistas não trabalhadores, que apenas exploram o fato de possuírem capital.


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não nos orientaremos por conceitos ideológicos, mas sim, exclusivamente, por atividades práticas.


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a solução científica da tragédia social do animal humano deve começar por esclarecer e corrigir aqueles conceitos ideológicos partidários que contribuíram para perpetuar a fragmentação da sociedade humana.


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designa por trabalhador todo aquele que produz um trabalho social vitalmente necessário.


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realidade da inter-relação natural e interdependência indissolúvel entre todos os processos de trabalho


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basta examinarmos qualquer jornal, na Europa, na Ásia ou em qualquer outro lugar, de uma data qualquer. Só muito raramente, e como que por acaso, encontraremos nesses jornais referências ao processo do amor, do trabalho e do conhecimento, à sua necessidade vital, sua inter-relação, sua racionalidade, sua seriedade, etc.


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Em contrapartida, todos os jornais estão repletos de notícias sobre a alta política, a diplomacia, os processos militares e formais que nada têm a ver com o processo real da vida no dia-a-dia. Assim, dá-se aos homens e mulheres trabalhadores médios a sensação de que a sua própria importância é bem pequena, se comparada com os debates elevados, complicados e "inteligentes" sobre "tática e estratégia". O indivíduo sente-se pequeno, insuficiente, irrelevante, oprimido, nada mais do que um acidente na vida


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A natureza da opinião pública é essencialmente política, subestimando a vida cotidiana, com os seus processos de amor, de trabalho e de conhecimento. É por isso que todos aqueles que amam, que trabalham e que conhecem têm a sensação de que a sua importância no processo social é nula.


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Em outras palavras, o processo concreto da vida também precisa ter uma expressão enfática na imprensa e nas formas da vida social, devendo coincidir com elas.


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Não é intenção da democracia do trabalho impedir ou proibir seja o que for. Ela se dirige exclusivamente para a satisfação das funções biológicas da vida: o amor, o trabalho e o conhecimento


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o fato de as ideologias políticas serem realidades palpáveis não prova que elas sejam vitalmente necessárias


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Foi precisamente a não-diferenciação entre trabalho e política, entre realidade e ilusão;


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um dos objetivos principais deste livro —


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é exatamente o de apontar esse erro catastrófico do pensamento humano e de eliminar o irracionalismo da política.


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Enfim, é a atividade política que impede a expansão daquilo que afirma promover; a paz, o trabalho, a segurança, a cooperação internacional, a livre expressão do pensamento, a liberdade de religião, etc.


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foi a peste emocional que converteu o marxismo científico no marxismo político e partidário, que nada tem a ver com o marxismo científico, e que é, em parte, responsável pelo advento do fascismo


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Se o trabalho e a ideologia social fossem concordantes, se as necessidades humanas, a satisfação dessas necessidades e os meios para essa satisfação correspondessem à estrutura humana, não existiria a política, pois ela se tornaria supérflua


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A eliminação da política e do Estado a partir do qual ela se origina foi precisamente o objetivo que foi esquecido pelos fundadores do socialismo


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Mas é impossível prever qual será o papel da própria política na destruição da peste emocional política, e qual será o papei desempenhado pela organização consciente das funções do amor, do trabalho e do conhecimento.


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